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domingo, 22 de janeiro de 2017

La La Land



Em uma primeira impressão, os musicais podem parecer um tanto quanto ultrapassados para nós que nascemos em décadas cujo estilo já havia sido quase que totalmente superado. A primeira cena de La La Land é bastante arriscada, porque pode provocar um abandono quase imediato da sala de cinema. Se você for um espectador que tem como experiência em musicais uma lista bem pequena como "Cantando na Chuva" e "O Mágico de Oz" - e este cara sou eu - a hipótese da diáspora da sala de cinema é plausível. Mas eu insisti e fui fisgado pelo clima do filme justamente quando Ryan Gosling canta "City of Stars" em um deck escuro de Los Angeles. Pra ser sincero, a história nem é tão original assim. O próprio Café Society, de Woody Allen, tem roteiro semelhante. Só que o clima meio retrô e a concepção visual do filme trouxeram sua originalidade e provocaram o impacto que causou no público, que está um pouco cansado da qualidade decadente do cinema comercial. É um filme importante, cujo tema central é a nossa incessante busca pela realização dos nossos sonhos, sonhos ambiciosos, justamente aqueles que temos quase certeza que não vão dar certo. Na verdade os protagonistas colocam seus interesses profissionais acima de quase tudo, e é engraçado que isso seja filtrado pelo público como algo romântico. Não é romântico, é inclusive meio triste e melancólico, como sua trilha e os takes crepusculares. Emma Stone é uma grande atriz, que dá liga e conduz a história. Gosling é um James Dean contemporâneo. La La Land é uma obra saudosista, irônica na forma como trata o advento da modernidade. O iphone que atrapalha uma cena musical, o pop music do John Legend, a protagonista retornando ao café onde trabalhara um dia. O beijinho na criança, o maridão bem sucedido. Não é um romance no final das contas. É a história de um arrependimento.

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