O Lobo de Wall Street

Este é um dos filmes mais divertidos de Martin Scorsese, lançado em 2013. "O Lobo de Wall Street" obteve grande repercussão por retratar a história real de um corretor de valores picareta de Nova York, que através da venda de ações construiu um verdadeiro império de milhões de dólares. Uma parcela da crítica considerou a obra como uma perigosa glamourização do crime, mas qualquer espectador atento percebe que a história é na realidade um grito de indignação contra os especuladores norte-americanos e a sua incrível capacidade de ganhar dinheiro fácil a partir da ingenuidade de outras pessoas.

O protagonista é Leonardo DiCaprio, um daqueles atores que transformam um filme. É incrível o talento de DiCaprio, sua capacidade de mudar a voz, sua expressividade e a maneira como consegue conduzir um filme de 3 horas de duração estando presente em praticamente todas as cenas, senão todas. A história é contada unicamente na perspectiva do protagonista, porque é narrada por ele, e isso cria um magnetismo enorme para nós que estamos assistindo, sobretudo com a direção precisa de Scorsese, um dos maiores diretores da história do cinema. Leonardo DiCaprio assumiu o papel de Robert De Niro na filmografia de Martin Scorsese, e nesse "casamento" já foram cinco filmes com o ator no papel principal. 

A direção é muito corajosa, principalmente nas cenas mais fantásticas, como as das festas dionisíacas, verdadeiras surubas, na sede da empresa de Jordan, o protagonista. Há também outros grandes momentos, como o lançamento dos anões, o naufrágio do magnífico e milionário barco ou a já clássica sequência em que Jordan rasteja no chão, sob o efeito de drogas pesadas, até chegar em seu Lamborghini branco. Estamos diante de um diretor que sabe como ninguém contar uma boa história, o que faz o tempo passar rápido. Também merecem destaque as atuações de Jonah Hill, o excelente Matthew McConaughey (mesmo que em um papel curto) e a incrivelmente bonita Margot Robbie, muito jovem e brilhante atriz. 

"O Lobo de Wall Street" é a história da ascensão e queda de um homem que usou o crime como ferramenta para lucrar, e que acreditava que o dinheiro era a solução para todos os seus problemas, até mesmo a prisão. E de fato, o dinheiro foi mesmo muito útil na vida de Jordan, pois lhe permitiu comprar uma mansão, barco, helicóptero, viajar à Europa, conquistar uma bela esposa e até mesmo pagar a fiança que o liberaria da prisão. Esta não é uma fábula com uma moral explícita, do tipo: "quanto mais alto, maior o tombo". Na realidade, o que Scorsese quer mostrar é o caráter dos milionários de Wall Street, como eles pensam a respeito do que é ser bem sucedido ou não. É claro que há uma cena em especial, quando o agente do FBI volta pra casa de metrô, que sugere que "o crime não compensa", mas a ideia final é que há uma boa quantidade de pessoas que acreditam que ganhar dinheiro está muito acima do que convencionamos por considerar certo ou errado. Nessa perspectiva, o desfecho da obra é bastante revelador do quanto as pessoas são relativistas quando o assunto é lucrar e lucrar...