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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Todo o Dinheiro do Mundo


Este não é um filme que eu normalmente assistiria, mas que resolvi dar uma chance pela indicação de Christopher Plummer a melhor ator coadjuvante no Oscar. Confesso que não sei o que dizer sobre a atuação dele, porque a iluminação do filme deixa tanto a desejar que eu sequer pude reparar no rosto do ator ou de seus colegas durante as mais de 2 horas de escuridão que é "Todo o Dinheiro do Mundo". O filme é dirigido por Ridley Scott, que também fez "Blade Runner" (1982) e o famoso "Gladiador" (2000), que venceu o Oscar de melhor filme em 2001.

A história é baseada um caso real, o que já dá ao filme a previsibilidade que ele já estava condenado por retratar um sequestro. Este episódio tem uma peculiaridade: o jovem sequestrado era neto de um dos maiores bilionários do mundo na década de 1970. Acontece que o vô do garoto se recusa a pagar o valor do resgate, dizendo que o adolescente não valia os 17 milhões que os sequestradores exigiam. O filme então tem como foco a luta da mãe do garoto para conseguir convencer o sogro a pagar o dinheiro, enquanto os sequestradores ameaçam matá-lo e mandar pedaços do corpo para a mãe angustiada.

A obra é um thriller bem pueril, com representações rasas da polícia italiana (toda a história principal se passa em Roma), da mãe do jovem sequestrado e de um detetive particular, interpretado por Mark Wahlberg, cujo sentido na trama até agora eu não consegui entender. Há uma tentativa de associar o crime aos comunistas, talvez para localizar o filme no contexto da guerra-fria, mas tudo isso soa tão infantil para o espectador que cheguei a ficar constrangido. O avô rico é interpretado por Plummer (irritantemente parecido com o Michel Temer nesta caracterização), em atuação indicada ao Oscar, mas que me pareceu um trabalho muito contido do célebre ator, que substituiu Kevin Spacey depois que tudo já havia sido filmado - porque o ator foi acusado de uma série de ofensas sexuais, inclusive pedofilia. 

O resultado disso tudo é um filme bastante dispensável, com algumas raras cenas bem filmadas por Scott, que tem no currículo muito mais erros do que acertos. Michelle Williams é uma boa atriz, mas que não conseguiu dar a sua personagem a emoção que deveria ter para quem teve um filho sequestrado nas circunstâncias terríveis que o filme mostra. Mark Wahlberg é tão ruim, coitado. Há uma excessiva preocupação do roteiro em mostrar aos espectadores a ganância do personagem de Plummer, que nega dinheiro ao neto mas gasta fortunas com obras de arte e na construção de uma mansão. Os diálogos são em geral maquiavélicos, desprezando a inteligência do público. Antes dos créditos finais, lemos na tela o que aconteceu com o avô rico, mas esqueceram absolutamente de contar sobre o destino do jovem sequestrado. Que coisa, não?

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