"Amores Expressos" foi produzido, escrito e dirigido pelo cineasta chinês Wong Kar-Wai em 1994. É uma obra que conta duas histórias paralelas, de dois homens sofrendo por amores não correspondidos. Todo o filme é contado sob a perspectiva masculina, exceto por algumas narrações esparsas feitas por uma das protagonistas da primeira história, uma femme fatale loira e de óculos escuros. Os dois personagens homens de cada história são retratados como figuras tentando superar o abandono de suas amantes, sendo que cada um deles encontra uma forma mais eficiente de fazer isso. O primeiro tem como objetivo se apaixonar novamente, enquanto o segundo espera iludido o retorno da amada, que tem uma cópia da chave de seu apartamento.
Eu esperava um pouco mais dos diálogos de Wong Kar-Wai, embora minha lembrança cinematográfica de seus filmes seja um pouco antiga, talvez de 2013. Os diálogos de "Amores Expressos" são muito superficiais, e há a todo momento tentativas fúteis de criar metáforas que soam óbvias para os espectadores, como a relação entre o homem e o sabonete, ou a brincadeira que o roteirista faz com as latas vencidas no dia do aniversário de um dos protagonistas. Há, no entanto, um elemento visual muito forte e marcante no filme, que o torna uma obra bem bonita de ser assistida. A escolha por técnicas de filmagens que distorcem as imagens, bem como as tomadas em que a câmera "corre" e balança nas mãos do cineasta dão a sensação de incômodo que uma grande metrópole como Hong-Kong deve causar. Sem contar que Kar-Wai possui uma visão fotográfica fora do comum, revelada em uma das cenas mais bonitas do filme, quando o policial protagonista abre uma carta atrás de uma vitrine sob chuva (a foto que escolhi para ilustrar a postagem).
Com uma trilha sonora que peca por ser repetitiva, embora algumas faixas sejam muito belas e lembrem as canções da última fase do Pink Floyd (abusando do saxofone), o filme consegue se sustentar pelo que tem de melhor: a imagem e o som. No que diz respeito ao roteiro, é inegavelmente fraco e isso deve ser por conta de ser um dos primeiros filmes da carreira do diretor. Preciso rever os filmes da última fase pra ter certeza que não se trata de um problema de toda a filmografia. Merece destaque a cena em que o primeiro protagonista passa uma noite no quarto de hotel com a mulher que acaba de conhecer. A trilha e a fotografia nos transmitem com clareza o seu estado de espírito. Não é uma obra de arte, mas é um filme com certo destaque entre os seus contemporâneos da década de 1990.
Nenhum comentário:
Postar um comentário