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domingo, 18 de janeiro de 2015

The Rocky Horror Picture Show


Pense em um musical bem estranho. Este show de horror produzido em 1975 é a história de um jovem casal de noivos que, após um pneu furado e uma forte tempestade, são obrigados a procurar ajuda em uma mansão assustadora. É curioso que este talvez seja o clichê mais repetido em filmes de terror, com pequenas variações. Vale lembrar que  em "Psicose", de 1960, a protagonista chega ao hotel de Norman Bates após sentir-se cansada na estrada e precisar de abrigo... Mas "Rocky Horror" não tem nada a ver com o horror clássico de Alfred Hithcock. O filme está mais para uma versão cantada de algum filme trash de George Romero, com um roteiro mais teatral e direção pouco inovadora, apesar dos longos planos sequências. E não há zumbis.

Após chegar no castelo, o casal, que inocentemente quer apenas usar o telefone, é recebido por uma dupla de empregados que faria qualquer hóspede dar meia volta. Mas eles são insistentes. Para o azar dos visitantes, a casa que adentraram está na realidade sediando o "encontro anual da Transilvânia", com hóspedes bastante peculiares. Tão logo os jovens descobrem a cilada em que se meteram, o mordomo da casa dá início a um dos grandes momentos do musical: a canção "The Time Warp", que além de muito divertida é encenada com uma coreografia extremamente engraçada, que dá vida ao filme. É hilário que o narrador da história, um senhor reservado, também participa da dança. Um momento bastante nonsense.

Ao fim da dança, o casal intruso é apresentado ao dono do castelo: Dr. Frank-N-Furter (Tim Curry), um transexual. Ele canta "Sweet Transvetite", que é o grande momento de todo o filme. A música tem uma letra irreverente e sugestiva, mas quem rouba a cena é Tim Curry, que consegue criar um personagem assustador, mas engraçado. Ao fim da canção, descobrimos que o Dr. Frank, como sugere o nome, é um cientista que dá vida a criaturas para satisfazê-lo sexualmente, matando-as e criando novas quando julga adequado. É triste dizer isso, mas a partir deste ponto o filme perde a qualidade. As canções que dão prosseguimento à história não são boas como as primeiras e nem mesmo a atuação de Curry sustenta a chatice do enredo que envolve alienígenas e transgressões sexuais. 

O que fez com que "The Rocky Horror Picture Show" ganhasse a notoriedade que ainda possui é o status de cult que passou a gozar tão logo foi lançado, tanto é que permanece em cartaz em um certo cinema de Munique há 27 anos. Além disso, existe um público fanático para o cinema trash que cultua qualquer porcaria lançada que envolva zumbis e monstros, mesmo que dentro de um roteiro completamente sem noção. Há quem tenha prazer nesse tipo de coisas, mas acredito que o cinema pode fazer coisa melhor. Este musical possui bons momentos e um protagonista marcante, o que faz dele um filme "metade aproveitável". Não dá nem pra dizer que foi uma boa ideia desperdiçada, já que, não fosse pela música, nem a premissa da história seria tão boa assim. Quem sabe o maior legado do filme não seja exatamente partir do óbvio para criar algo que a história do cinema vai sempre se lembrar? Nesse aspecto é uma obra que vale a pena ser assistida. Mesmo que para falar mal...

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