Na minha memória afetiva, o quarto filme da franquia Harry Potter sempre foi o meu preferido. No entanto, revê-lo catorze anos depois da primeira vez foi uma experiência tão desconstrutiva ao ponto de reformar a minha opinião e considerá-lo um fracasso se comparado aos antecessores. Creio que um dos grandes responsáveis pela tragédia de "Harry Potter e o Cálice de Fogo", de 2005, seja a escolha do pouco expressivo Mike Newell como diretor, assumindo um barco já em alto mar e com pouca bagagem em seu currículo, cujo único filme de destaque na carreira havia sido a direção da comédia "Quatro Casamentos e um Funeral", um filme regular. Apesar de não ter me agradado mais do que os anteriores, "Harry Potter e o Cálice de Fogo" costuma ser o mais bem avaliado de todos os outros sete filmes em sites de ranking, além de ter sido uma das maiores bilheterias da saga, só perdendo para as duas obras do desfecho da franquia.
A história do quarto filme se inicia em um mega acampamento onde ocorre a Copa do Mundo de Quadribol. Este seria um evento de puro entretenimento para Harry e os amigos se não fosse por um súbito ataque sofrido por todos pelas mãos dos comensais da morte, figuras que seguem Lord Voldemort. O roteiro enfraquece e muito as possibilidades de transformar o ataque em uma experiência aterrorizante, até porque não nos parece muito provável que Harry seja abandonado pelos amigos em um campo ardente em fogo para acordar intacto em meio a uma terra arrasada e se encontrar com um inimigo perigoso. Na sequência, o seguidor do Lorde das Trevas marca o céu de verde, indicando o retorno do vilão. A cena, mesmo que ruim, é a única que o filme possui para mostrar aos espectadores desde o princípio que Voldemort de fato retornou e reuniu em torno de si um grupo de seguidores poderosos, justamente o ponto central de toda a história.
A narrativa então avança para o castelo, onde um evento especial ocorrerá naquele ano: o Torneio Tribruxo. Este acontecimento faz com o que o filme ganhe uma grande quantidade de atores e atrizes novos no elenco, mesmo que alguns personagens sejam passageiros, como o jovem Cedrico Diggory, um popular aluno da Lufa Lufa interpretado por Robert Pattinson. Todo o ambiente do quarto filme da série, assim como a relação dos personagens, é estruturado para nos demonstrar que os jovens alunos estão crescendo, amadurecendo e convivendo cada vez mais com os dilemas da vida adolescente: se apaixonar, ir a um baile, sentirem-se rejeitados ou aprovados pelos demais. Existe uma preocupação do filme em todos os aspectos, inclusive estéticos, para criar uma verdadeira identificação entre personagens, enredo e o público adolescente que o assiste. Embora exista um certo mérito nesta intenção do diretor, não dá pra negar que ela retira o elemento sombrio da história, porque a torna por demais descontraída. Não foi com pouco constrangimento que reparei que em uma cena festiva os alunos levantam para o alto um professor anão. Piada de mau gosto.
O torneio não chega a ser particularmente divertido, por falha da direção em criar uma boa cadência para a história. Ainda assim, é em uma das etapas da competição que Harry e Cedrico vão ser transportados para o local onde Voldemort está se preparando para renascer, auxiliado por Rabicho. Este é o primeiro encontro direto, corporal, entre Harry Potter e o seu arqui-inimigo desde que ele tentou assassiná-lo quando era uma criança. A aparência de Voldemort (interpretado por Ralph Fiennes) é finalmente revelada para o público, um visual que sinceramente muito me decepcionou, mas ainda mais desapontadora é a forma como Voldemort age diante de Harry, perdendo e desperdiçando uma oportunidade tão simples de matá-lo. O encontro entre os dois personagens mais importantes da história - os polos opostos e mais poderosos do mundo bruxo - é na realidade uma cena fria e pouco empolgante, que resulta em uma pouco plausível fuga de Harry. A fuga, no entanto, acontece pouco depois de uma interessante cena de combate em que as varinhas dos dois inimigos agem como clones, um efeito mágico que mais tarde Dumbledore explica a Harry.
Há um personagem novo no filme que tem grande relevância na história: "Olho-Tonto" Moody (Brendan Gleeson), mais um professor de Defesa contra a Arte das Trevas. Além de ser um elemento central no desfecho do filme, Olho-Tonto também exercerá importante papel no resto da história de Harry, especialmente no quinto filme. A jovem "Cho Chang" também desponta como um pequeno flerte do jovem bruxo, um relacionamento que amadurecerá no próximo filme da série. Um personagem antigo que praticamente desaparece da história no quarto filme é o vilão Draco Malfoy, uma grande pena, pois o ator havia crescido tanto em "Prisioneiro de Azkaban". Foi com uma sucessão de equívocos que o "Cálice de Fogo" perdeu a oportunidade de ser o filme mais importante da franquia Harry Potter, porque tinha em mãos o trunfo de nos mostrar a ascensão de Voldemort, que no entanto revelou-se um momento quase que dispensável no conjunto da obra.
Há um personagem novo no filme que tem grande relevância na história: "Olho-Tonto" Moody (Brendan Gleeson), mais um professor de Defesa contra a Arte das Trevas. Além de ser um elemento central no desfecho do filme, Olho-Tonto também exercerá importante papel no resto da história de Harry, especialmente no quinto filme. A jovem "Cho Chang" também desponta como um pequeno flerte do jovem bruxo, um relacionamento que amadurecerá no próximo filme da série. Um personagem antigo que praticamente desaparece da história no quarto filme é o vilão Draco Malfoy, uma grande pena, pois o ator havia crescido tanto em "Prisioneiro de Azkaban". Foi com uma sucessão de equívocos que o "Cálice de Fogo" perdeu a oportunidade de ser o filme mais importante da franquia Harry Potter, porque tinha em mãos o trunfo de nos mostrar a ascensão de Voldemort, que no entanto revelou-se um momento quase que dispensável no conjunto da obra.
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